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O profissional do futuro

Atualizado: 19 de jan. de 2023


Neste ano de 2021 tenho estudado e debatido sobre crescimento pessoal e liderança, temas que considero essenciais para qualquer instância na vida. Inspirada por estes novos conhecimentos, iniciei um novo projeto, o “Normalize+”, paralelo ao meu cargo de executiva jurídica. Além das temáticas de crescimento pessoal e liderança, o objetivo é abordar vertentes como o empreendedorismo, diversidade, inclusão, atualidades e conexões.

Ser um bom profissional vai muito além do que fazer um bom trabalho. Um bom profissional sabe lidar com pessoas, sabe ser carismático, inspirador, sabe entregar o trabalho e ainda ser um melhor humano.

Por essa razão resolvi escrever sobre o profissional do futuro. Farei um paralelo com o mundo jurídico, que é a área na qual atuo, mas tenho certeza que as dicas deste artigo servirão para qualquer profissional, independente da sua área de atuação.

Infelizmente as grades curriculares das universidades ainda não nos treinam para pensar em aspectos além do conhecimento técnico das normas legais.

Não fomos treinados para pensar em outros aspectos, como os econômicos e financeiros, no entanto o profissional do futuro (e o futuro é agora) precisa ter mais do que conhecimento técnico da norma para estar preparado para qualquer desafio.


O advogado do futuro precisa ir além, precisa viabilizar os negócios da companhia e de seus clientes. Precisa ter um olhar mais aberto, necessita “pensar fora da caixa”, necessita ampliar as áreas de conhecimento, desenvolvendo outras habilidades como tendências tecnológicas, contabilidade, questões financeiras, administrativas, dentre outras.

Deve pensar com a cabeça de um empresário – dono do negócio - e, com uma visão multidisciplinar já que normalmente as interações dentro das empresas são feitas com parceiros de negócios, de diversas outras áreas.

O advogado do futuro deve ter em mente viabilizar os negócios da Companhia e de seus clientes, aprendendo a achar alternativas, colaborando com soluções criativas, sempre respeitando a ética e a lei.

Usar uma linguagem direta, prática e menos formal, é imprescindível.

Orientar o cliente ou o executivo da Companhia na tomada de decisão é mandatório”.

O profissional deve ser mais estratégico. Deve orientar os empresários para que estes tomem as melhores decisões e, por essa razão, conhecer o negócio e sua concorrência é extremamente importante, inclusive para evitar que qualquer ação prejudique a reputação e a imagem da Companhia.


Além disso deverá desenvolver ou aprimorar habilidades comportamentais, as famosas soft skills.

Conforme pesquisa realizada em 2018 pelo Professor Armando Lourenzo[1], 83% das demissões no Brasil ocorrem devido ao comportamento e 17% por motivos técnicos. Ou seja, a máxima do mercado que diz que contratamos pelo conhecimento e desligamos pelo comportamento é real.

Essas habilidades comportamentais já vinham sendo exigidas dos profissionais e após a pandemia passaram a ser ainda mais relevantes. E, na minha opinião, passaram a sobrepor as hard skills, que são as competências técnicas.

Cada dia mais, as empresas investem em tecnologia e, consequentemente, reduzem a força de trabalho. Por essa razão, as habilidades comportamentais serão determinantes para diferenciar os profissionais do futuro.

Além da criatividade, acima mencionada, vou listar outras habilidades que entendo que são muito importantes:


I - Gestão do tempo: Gerir o tempo sempre foi fundamental, contudo, em tempos de pandemia e de home office tornou-se imprescindível administrá-lo de forma eficaz, caso contrário, a entrega de projetos pode vir a ficar seriamente comprometida. Algumas dicas para melhor gestão do tempo:

1) Planeje sua semana, listando tudo que você precisará fazer a cada dia, buscando sempre deixar um espaço de duas a três horas para aquelas urgências que venham a surgir.

2) Planeje metas, definindo prazos. Sempre tenha em mente que esta meta deve ser alcançável. Não trace metas impossíveis de serem atingidas.

3) Priorize o que é urgente, mas nunca se esqueça do que é importante.

4) Faça uma atividade por vez, com foco e atenção. Evite distrações. Coloque na sua rotina horários para acessar mensagens de e-mail e WhatsApp.

5) Não procrastine! Não deixe de fazer o que deve ser feito, só porque não é uma atividade que você gosta tanto.

6) Aprenda a dizer NÃO, sempre que for necessário.


II- Adaptabilidade e Flexibilidade: Como as mudanças serão mais rápidas e constantes daqui para frente, a adaptabilidade resume bem como estamos hoje e o que iremos viver. Quem não aprender a se adaptar estará fadado ao insucesso.

A frase de Charles Darwin nunca fez tanto sentido:

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”


III - Trabalhar em equipe e com diversidade: cada membro de uma equipe é importante, com suas trajetórias e histórias de vida. E por esta razão todos importam e possuem uma contribuição única no papel desempenhado no trabalho.

Quando alguém não é visto ou escutado temos um sério problema, pois o sentimento de exclusão causa uma desmotivação imediata e se transforma em uma barreira enorme para que se atinja o objetivo comum.

Conectar as pessoas em um propósito comum, escutar todas as opiniões com equidade, criar processos mais participativos, não excluir ninguém e fomentar tomadas de decisões coletivas geram maior senso de pertencimento e, portanto, maior engajamento na equipe, atingindo melhores resultados.

Ter um ambiente empresarial no qual se respeita as diferenças, reduz conflitos e aumenta o engajamento dos colaboradores, sem contar que uma equipe diversa é muito mais criativa, o que melhora os resultados e lucros das companhias, conforme pesquisas divulgadas.


IV - Habilidade de negociação: estamos negociando o tempo todo, em todo o lugar, em qualquer momento e por isso, ter habilidade de negociação é fundamental. Um bom negociador, se planeja, monta uma estratégia, tem autocontrole, bom relacionamento, sabe tomar a melhor decisão e construir a melhor solução.


V - Comunicação e empatia: Os maiores “gaps” existentes nos mais diversos ambientes corporativos é a falha na comunicação. Isso acontece, pois as pessoas, de uma forma geral, não têm a consciência de que é necessário transmitir informações com clareza e objetividade, para que os processos organizacionais sejam mais assertivos. A comunicação eficaz é muito importante. E quando falamos em comunicação eficaz, estamos falando de escutatória, empatia e inteligência emocional.

Comunicação não é apenas saber dizer algo a outras pessoas, vai muito além disso. Consiste em fazer com que o outro lado, o receptor, entenda aquilo que é dito, que é a chamada prova da escuta, a tal da escutatória.

Escutatória é fazer com o outro se sinta ouvido, sinta a sua necessidade escutada e isso não significa uma obrigação em concordar com o outro.

É um dever, de quem está se comunicando, assegurar que a sua mensagem será compreendida de forma clara e objetiva. Suas ideias devem estar planejadas e esquematizadas para serem transmitidas de forma eficiente e entendidas com assertividade pelo receptor.

Uma boa comunicação gera:

1) Assertividade nos processos: não há falta de compreensão e, portanto, as atividades são realizadas com muito mais fluidez, trazendo resultados positivos para todos, pois não há retrabalho.

2) Diminuição de conflitos: transmissão correta da informação evita ruído na comunicação e, portanto, diminui consideravelmente as discussões que surgem por simples falhas de comunicação.

3) Engajamento e motivação dos colaboradores: quando um colaborador se sente escutado, tem a sensação de pertencimento, fazendo com que haja um aumento de engajamento e motivação, melhorando o clima organizacional, pois os colaboradores se sentem valorizados, sentindo-se parte dos processos.

4) Melhora na tomada de decisões: quanto melhor a comunicação, mais assertivas e eficientes são as decisões, pois o gestor sabe dos problemas antecipadamente e consegue tomar as decisões mais acertadas.

Dicas para uma melhor escutatória e uma melhor comunicação:

1) Tenha disponibilidade em escutar o outro: escute de forma efetiva, sem julgamentos.

2) Conheça o seu receptor: cada um tem a sua história e cada um recebe a informação de uma maneira. É muito importante entender quem é o seu receptor, para que assim você consiga se comunicar de uma maneira mais fácil e para que a sua mensagem seja recebida da forma como você a transmitiu, sem interpretação dúbia.

3) Demonstre interesse genuíno na comunicação com outro: esteja atento e presente. Evite gestos de desinteresse como, por exemplo, expressões faciais de descaso.

4) Vá direto ao ponto: ir direto ao ponto envolve mais do que objetividade. É importante saber onde quer chegar. Vá diretamente ao tema. Menos é mais, seja simples e objetivo.


5) Pratique a empatia: praticar a empatia é um sinal de inteligência emocional e de respeito ao próximo. Empatia não é se colocar no lugar do outro, nós não vivemos a vida do outro. Não tem melhor definição para empatia que a de Thomaz Brieu, especialista em escutatória:

“Empatia é fazer com que o outro sinta que suas necessidades foram escutadas e acolhidas, embora nem sempre nos identifiquemos ou concordemos com ela”.

6) Preste atenção na sua linguagem corporal: não nos comunicamos apenas de forma verbal ou escrita. Nós nos comunicamos com o corpo todo. Caso as nossas palavras e comportamentos se mostrem desalinhados, haverá um impacto negativo na comunicação, já que o visual comunica tanto quanto o que dizemos e falamos.


VI - Inteligência Emocional: essa habilidade vem do autoconhecimento. Para aprendermos a lidar com as nossas emoções e usufruí-las em benefício próprio, temos que procurar compreender os sentimentos e comportamentos do outro. Sua essência se dá quando conseguimos conciliar o lado emocional e o racional do cérebro, neutralizando as emoções negativas que produzem comportamentos destrutivos e, então, potencializar as emoções positivas para gerar os resultados desejados.

E, como desenvolver essas habilidades comportamentais?

A boa notícia é que as habilidades comportamentais podem ser desenvolvidas. Isso mesmo! E só depende de você!

Para desenvolver habilidades comportamentais é necessário, em primeiro lugar, querer. Para tanto você terá que ter uma postura diante da vida para uma jornada de abertura da mente e deverá contar com a neuroplasticidade do cérebro como sua aliada.

Sair da zona de conforto é crucial para esse desenvolvimento. Pequenos passos no dia a dia podem fazer uma grande diferença.

Quanto mais aberto você estiver, mais rápido conseguirá atingir os seus objetivos.


Abra-se para o novo, para depois tirar conclusões. Tenha maturidade para escutar e para observar os seus comportamentos.

Nunca se esqueça que o nosso pior inimigo é a resistência.

REINVENTE-SE!

Você já parou para pensar nos desafios que a lagarta enfrenta até se tornar uma linda borboleta?

Elas nos fazem lembrar que vivemos em um mundo dinâmico e em constante evolução.

Reinventar-se é olhar para frente e fazer as mudanças necessárias em prol de uma transformação.

Então, que tal nos reinventarmos?

[1] Extraído do livro do Professor Armando Lourenzo com o título: Liderança na Prática: como liderar pela primeira vez?

Norma Mosic - Executiva jurídica há mais de 20 anos. Participa da Comissão de Departamentos Jurídicos e da Mulher Advogada da OAB Pinheiros. É membro do Jurídico de Saias. Criadora do Normalize+ e co-criadora do Na Janela Podcast. Vive intensamente todos os dias, acredita em relacionamentos genuínos e no equilíbrio pessoal e profissional.


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